SUCESSO
(Nizan Guanaes)
1) Não paute sua vida, nem sua
carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo o coração. Persiga
fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro
virá como conseqüência. Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer
ser nem um grande bandido, nem um grande canalha.
Napoleão não invadiu a Europa
por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro.
Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por
dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque
são incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida
foi construído antes, na alma. A propósito disso, lembro-me de
uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma
freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário
texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse:
"Freira, eu não faria
isso por dinheiro nenhum no mundo".
E ela responde: "Eu
também não, meu filho".
Não estou fazendo com isso
nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que
pensar e realizar têm trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.
2) Meu segundo conselho: Pense
no seu País. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor
maneira de pensar em si. Afinal é difícil viver numa nação onde a maioria
morre de fome e a minoria morre de medo. O caos político gera
uma queda de padrão de vida generalizada. Os pobres vivem como
bichos e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega
a viver como Homem. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico
Paraguassu.
3) Meu terceiro conselho vem
diretamente da Bíblia: "Seja quente ou frio, não seja morno
que eu te vomito". É exatamente isso que está escrito na carta
de Laudiceia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te
vomito: É preferível o erro à omissão. O fracasso, ao tédio. O
escândalo, ao vazio. Porque já vi grandes livros e filmes sobre
a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a
acomodação, o não fazer, o remanso. Colabore com seu biógrafo. Faça,
erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se
acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.
Tendo consciência de que, cada
homem foi feito para fazer história. Que todo homem é um milagre e
traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você
foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e
mundos, e, caminhar sempre com um saco de interrogações na mão e
uma caixa de possibilidades na outra.
Não use (chinelos) Rider,
não dê férias a seus pés. Não se sente e passe a ser analista da vida
alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano; dessas pessoas que
vivem a dizer: eu não disse! Eu sabia!
Toda família tem um tio
batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que aguentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo
que ele faria, se fizesse alguma coisa.
Chega dos poetas não
publicados. De empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas
fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na
segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar,
não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não sabem
trabalhar. Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de
12 às 8 e mais se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o
tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói
prodígios.
O Brasil, este país de malandros
e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles
trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham
de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior
mega potência do planeta, enquanto nós, os espertos, construímos uma
das maiores impotências do trabalho. mega potência Trabalhe! Muitos de seus colegas
dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar
enquanto eles veraneiam.
Porque você vai trabalhar,
enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as
mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai
bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer
pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão.
E isso se chama sucesso.